15 de jan. de 2013

FUJA DE SER COMO JONAS!

Jonas não é o tipo de profeta muito lembrado nos sermões. Chamado de relutante, preguiçoso, covarde, não tem as características que apreciamos. Isso porque nos identificamos muito com as atitudes desse homem missionário que fugiu do chamado de Deus e considerou que o povo de Nínive não merecia o perdão divino.

Nínive foi a capital da Assíria, atual Iraque. Reino saído de Babel e fundado por Ninrode. Localizado a margem oriental do Rio Tigre, dominou por volta de 700 a 612 a. C. e o seu rei mais famoso foi Senaqueribe que pela Bíblia, viveu na época do Profeta Isaías e do Rei Ezequias.

A Bíblia relata que o povo era idólatra, politeísta, promíscuo, cruel e sanguinário. Os achados arqueológicos do palácio de Senaqueribe confirmam isso, pois estão gravadas em suas paredes, cenas de guerra e inscrições que relatam com orgulho e detalhes o tratamento brutal dado aos prisioneiros de guerra, por exemplo: empalamentos, pavimentação de estradas com cadáveres, saques, e muitas outras atrocidades que mostram que o povo não tinha um mínimo de amor ao próximo.

Em II Reis 18 e 19, é relatado a história de Senaqueribe quando tentou invadir Judá. O Senhor Deus interveio e derrotou os invasores. Senaqueribe voltou para Nínive sem a vitória e os seus próprios filhos o mataram.

A história de Jonas aconteceu na época do Rei Jeroboão II, anterior a Senaqueribe. Nessa época o povo de Israel já detestava os Assírios devido ao extenso histórico de campanhas militares, crimes e crueldades contra eles. Israel queria ver Deus pesando a mão e derramando fogo dos céus para exterminar Nínive da face da terra, como juízo e castigo para todas as covardias e brutalidades cometidas contra eles. Mas, ao invés disso, o Senhor Deus escolhe Jonas, um israelita, para ser um missionário na Assíria. Sua missão era avisar o povo que o Deus de Israel iria destruir a cidade, pois estava indignado com tanta maldade e malícia.

Jonas descumpriu essa ordem, decidiu mudar o rumo e ir de navio para Társis. No caminho, uma tempestade os surpreendeu e Jonas pediu que fosse jogado ao mar para que a tempestade cessasse.

Para salvar Jonas, Deus criou um grande peixe que o engoliu e o livrou de ser afogado. No ventre do peixão, o missionário clamou a Deus por misericórdia e foi ouvido. O peixe vomitou o profeta na praia e Deus reiterou a ordem para ir a Nínive alertar o povo.

Jonas pregou por toda a cidade. O Rei e todo o povo ninivita creram nas palavras do Profeta missionário e oraram, jejuaram, se humilharam e clamaram ao Deus de Israel. O Senhor Deus, “que é misericordioso, compassivo, tardio em irar-se, e grande em benignidade, e se arrepende do mal.” (Joel 2:13), aceitou suas súplicas e revogou a sentença dada sobre Nínive.
“E Deus viu as obras deles, como se converteram do seu mau caminho; e Deus se arrependeu do mal que tinha anunciado que lhes faria, e não o fez."
Jonas 3:10

O Profeta Jonas poderia comemorar, pois andou entre os assírios e nenhum mal lhe sucedeu, a obra missionária foi um sucesso e foram resgatadas muitas almas do inferno e da morte eterna, mas ao contrário disso, Jonas ficou irado e durante a oração que fez a Deus, revelou o que estava em seu coração e o verdadeiro motivo da sua fuga.
"Mas isso desagradou extremamente a Jonas, e ele ficou irado.
E orou ao SENHOR, e disse: Ah! SENHOR! Não foi esta minha palavra, estando ainda na minha terra? Por isso é que me preveni, fugindo para Társis, pois sabia que és Deus compassivo e misericordioso, longânimo e grande em benignidade, e que te arrependes do mal. Peço-te, pois, ó SENHOR, tira-me a vida,
porque melhor me é morrer do que viver."
Jonas 4:1 a 3 (grifo nosso)

Desde o inicio, Jonas não queria o bem do povo de Nínive. Ele queria ver a sua destruição, o castigo, o fogo, o enxofre e a trajédia como aconteceu em Sodoma e Gomorra. Ele sabia que Deus iria fazer tudo para salvar aquele povo e não matá-lo, por isso não queria levar a mensagem da salvação para eles. Nínive não merecia!

Um povo que sempre fez o que queria, sempre hostilizou o povo de Deus, que sempre debochou do Deus de Israel, agora estava recebendo a tolerancia divina e uma chance para se arrepender. E ainda tinham um profeta israelita exclusivo, que tinha que sair da sua casa, do seu aconchego, gastar dinheiro comprando uma passagem de navio, percorrer uma cidade de pessoas perversas e perigosas para anunciar que seu modo de vida desagradava o Deus de Israel e isso os levariam a destruição.

É muito fácil criticar Jonas, mas quem gostaria de estar no lugar dele, naquela época e naquelas circunstâncias? Trazendo para a nossa realidade, atualmente vemos muitos cristãos fazendo o mesmo, fugindo do mandado de Deus, julgando e escolhendo para quem deve ser pregado o evangelho. Infelizmente, estão agindo como Jonas, compartilhando sobre o amor de Cristo para alguns e desejando o fogo do céu para queimar outros.

Deus repreendeu Jonas, fazendo-o perceber que ele se compadecia mais com a morte de uma planta (aboboreira), do que com a morte de milhares de seres humanos, semelhantes seus, homens, mulheres, crianças e velhos que não sabiam discernir entre a mão direita e esquerda, ou seja, o certo e o errado e também muitos animais.

“E disse o SENHOR: Tiveste tu compaixão da aboboreira, na qual não trabalhaste, nem a fizeste crescer, que numa noite nasceu, e numa noite pereceu;
E não hei de EU ter compaixão da grande cidade de Nínive em que estão mais de cento e vinte mil homens que não sabem discernir entre a sua mão direita e a sua mão esquerda, e também muitos animais?”
Jonas 4:10 e 11

Não devemos pré julgar ou fazer acepção de pessoas. Pregar para um mendigo é tão importante quanto pregar para um magistrado. Pregar para uma pessoa boa e honesta é tão importante quanto pregar para alguém que está na penitenciária. Também não devemos classificar pecados em escala de maior ou menor, porque isso não existe. Para Deus tudo é iniquidade. Vemos que é mais comum pregar e acreditar na conversão de um feiticeiro, idólatra, mentiroso, invejoso, fofoqueiro, adúltero e fornicário do que um assassino, “serial Killer”, pedófilo; para esses não tem perdão! Impossível a Salvação! Quando pensamos assim, estamos dizendo que não cremos que Deus é poderoso para transformar um coração de pedra em um coração de carne, e que Ele é mau e não sabe julgar com justiça e equidade, pois como pode perdoar criminosos hediondos e mandar para o inferno pessoas “normais” que fala alguns palavrões ou contam uma mentirinha de vez em quando?

Devemos nos lembrar sempre que “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus. (Romanos 3:23)”.

Embora Jonas fosse profeta e conversava com Deus, ele estava em trevas, cego e perdido. Tomou decisões erradas e sofreu muito até resolver obedecer e deixar de sacrificar o corpo, a alma e o espírito em tantas desventuras. Poderia ter sido diferente desde o inicio, se o coração dele não desejasse mais a vingança do que o perdão para os ninivitas.


“Mas aquele que odeia a seu irmão está em trevas, e anda em trevas, e não sabe para onde deva ir; porque as trevas lhe cegaram os olhos. “
1João 2:11

Se Deus não fosse “compassivo e misericordioso, longânimo e grande em benignidade”, Jonas teria sido o primeiro a ser destruido, pois ele não estava na luz divina. Uma prova disso é que por diversas vezes clamou desejando morrer. Ele preferia estar morto do que ver aquele povo mau e incrédulo desfrutando do amor, da graça e do perdão do Deus dele.


“Aquele que diz que está na luz, e odeia a seu irmão, até agora está em trevas.”
1João 2:9

“Nisto são manifestos os filhos de Deus, e os filhos do diabo. Qualquer que não pratica a justiça, e não ama a seu irmão, não é de Deus.”
1João 3:10

“Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama a seu irmão permanece na morte.”
1João 3:14

“Qualquer que odeia a seu irmão é homicida. E vós sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele.”
1João 3:15


Portanto amados, vigiemos e sejamos sóbrios para não cairmos em tentação e discriminar quem quer que seja, pois desconhecemos os planos e os designos de Deus. E aquele que está de pé, cuidado para não cair. Estamos vivendo as portas da cidade celestial. Quem não tem amor pelas almas perdidas deve buscar esse amor, deve cultivar o amor, o perdão e a compaixão. Sejamos imitadores de Jesus Cristo, nosso Senhor, Rei e Mestre e não como Jonas.
A Deus, toda a Honra e toda a glória.
Ana Olívia